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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Escola e Educação Física do campo: Possibilidades e Desafios


Ao pensarmos em Educação Física Rural, antes de qualquer coisa, ajuizamos contextos e conceitos que estão arraigado em nossas  “mentes urbanas”  implantados pela mídia e falta de informação. Deste modo concebemos uma ideia errônea e precipitada do que é viver e que tipo de educação é  ofertada nas escolas da Zona Rural.
Segundo Dayrell (s/d), existe em nossa sociedade uma escola homogeneizante, ou seja, uma determinada conduta educativa, que reduz a uma educação única e o sujeito a uma dimensão somente cognitiva, visando o conhecimento como um produto comum, ofertado a todos com as mesmas estratégias em busca dos mesmos resultados, desconsiderando assim de forma explicita a diversidade. Tomando como base tal argumento, nos norteamos -mais comumente- por dois caminhos: Assimilar as Escolas Rurais ao discurso democratizante, isto é, tornar seus processos educativos similares ao de todas outras escolas ou, remetermos a uma postura em que as escolas urbanas possuem melhores práticas pedagógicas e, por conseguinte as escolas rurais deveriam assemelhar-se com elas.
Seguir essas perspectivas implica em anularmos toda e qualquer compreensão do contexto sociocultural da escola rural, das diversidades dos sujeitos envolvidos nos processos de ensino/aprendizagem e de como esses dois elementos (escola e sujeito) se interligam.
A tentativa de fazer um currículo, mesmo na escola rural, baseado no sistema capitalista, gera uma inércia na Educação brasileira, pois não instiga a tomada da ação e do conhecimento para a vida, também não atinge a ação reflexiva para o desvelamento da realidade. (FREIRE citado por BARUKI et al, 2012).

É preciso que desfaçamos este antagonismo entre campo e cidade, como diz Baruki et al (2012), e que coloquemos no mesmo patamar de importância o espaço urbano e o espaço rural, afastando o modelo  de precariedade e falta de recurso, utilizando de políticas públicas eficazes.

A adequação de um currículo específico, de práticas pedagógicas e de professores ao campo fará com que seja possível atender expectativas, formar os alunos para que alcance objetivos pré estabelecidos, fazer com que os alunos estabeleçam laços com a realidade. É necessário fazer que os conteúdos sejam significativos e os sujeitos encontrem valorização e produtividade social no contexto e especificidades do campo. (CALART citado por BARUKI et al, 2012).

Buscar uma maior valorização dos elementos do campo permite não apenas deter o êxodo rural, mas também frisar a importância sociocultural destes sujeitos. Tornar a escola do campo como meio legitimo  para tais valorizações é também correlacionar isto a Educação Física.

A formação integral do sujeito só pode ser feita se abstiver do pensamento Cartesiano - separação de corpo e mente especialmente no processo de ensino aprendizagem - sobretudo se nos limitarmos à formação de crianças e de crianças da zona rural, que tem o Se-movimentar como componente principal de interação com o mundo. A Educação Física na escola do campo, deve atuar como um auxiliador de exploração do mundo em que as crianças vivem; considerando de forma incisiva a diversidade cultural ali presente, o espaço físico  ofertado, o contexto social que cada sujeito está inserido.  Ajudar a construir um sujeito critico e autônomo capaz de discernir as consequências, sejam elas positivas ou negativas, da massificação capitalista, consumista e urbana que influência direta ou indiretamente nos aspectos Zona rural, sejam eles jogos e brincadeiras ou mesmo aspectos econômicos.

A importância de se conhecer a realidade da escola rural ainda como discente possibilita a nós, uma analise mais critica e verídica da realidade, a aproximação legítima com as crianças destas instituições de ensino permite que questionemos coisa ainda não pensada, como o Papel da Educação Física na vida destas crianças e jovens? Como o pensamento de uma EF Renovadora cabe na Zona rural? E muitas outras questões.
Salientar a importância crucial de aliar teoria a prática a educação, especialmente neste caso, é desalienar - como dito no inicio deste texto- “mentes urbanas”.
 A necessidade de vinculação entre educação e as necessidades diárias unindo teoria e prática,destacando a utilização imediata do conhecimento para o benefício social, uma vez que “[...] o produto imediato da educação não é material, mas é socialmente útil, sob a forma de um serviço necessário à sociedade”.
(SEVERINO 2001, citado por BARUKI et al).

É pensar numa sociedade oprimida e subjulgada em seus direitos e especificidades no longo da história. Cabe agora perguntarmos: O que fazer com tais informações a respeito da escola rural? Quais concepções da Educação Física Escolar usar neste espaço?Seremos capazes de usá-las?

Regendo aulas em uma escola rural, pude perceber não tão somente da carência de material, que nesta instituição se valia de bastante recurso, ou mesmo dos déficits do espaço físico da escola e da quadra, que não há marcações, tabelas, rede ou  rede de esgoto mas  também dos déficits das crianças, não de aprendizado estabelecido por uma sociedade capitalista padrão, e sim uma carência absurda, de carinho, atenção, de proteção, de uma infância muitas vezes perturbada e/ou roubada. Há nelas, uma alegria simples em aprender o novo, participar e se incluir.
Foi possível ver o se movimentar do sujeito, não por um aspecto técnico, mas algo além disso, sujeitos esperando para formarem-se integralmente. Consegui ver, que sim, é possível e necessário que a Educação Física participe disso, confesso que ainda é preciso pensar e repensar, construir e desconstruir conceitos, elementos e visões para atuar de maneira coesa e benéfica na Escola do campo, porém o caminho de reflexão para este assunto foi aberto, basta a nós segui-lo ou não.

Bibliografia

Daolio, J. Escola como espaço sociocultural.
BARUKI,V; ALENCAR, J.M; CRUZ,K.R.A. Implantação da brinquedoteca enquanto espaço de produção em conhecimento em uma escola do campo: desafios e possibilidades. Motrivivência. 2012


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