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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sobre o livro Educação Física Crítico- Emancipatória de Elenor Kunz: Um resumo


Histórico da criação da abordagem Critico- emancipatória e breve apresentação do autor:
A Educação Física Escolar vem numa constante busca de romper com os modelos tradicionais que permearam esta área de estudo até meados dos anos de 1980. Darido (2003) destaca que é nesse momento que a Educação Física passa por um período de valorização dos conhecimentos produzidos pela ciência. A partir desse enfoque dado à Educação Física, enquanto ciência com corpo próprio de conhecimento começam a surgir algumas abordagens pedagógicas da Educação Física Escolar. Conforme Darido (2003) todas essas abordagens tem algumas divergências, mas possuem um ponto em comum, todas estão em oposição à vertente tecnicista, esportivista e biologicista até então predominantes na Educação Física Escolar. Dentro dessas abordagens há vários discursos tentando justificar a importância da Educação Física na escola, outros se apoiando em áreas diversas como a Antropologia, a Psicologia, a Sociologia e também a Biologia. Embora com embasamentos teóricos diferentes, todas as abordagens apresentam significativas contribuições para a Educação Física Escolar.Outro ponto comum entre algumas abordagens é a referida busca pela autonomia dos alunos nas aulas de Educação Física, autonomia esta que não deve ficar somente nas aulas, mas sim formar o indivíduo que vai usufruir no seu tempo livre dos conteúdos aprendidos nas aulas de Educação Física para toda a vida.

Elenor Kunz
Realiza seu doutoramento em Hannover na Alemanha, sobre a orientação do professor Andreas Trebels e publica nos anos 90 no Brasil sua tese Educação Física : Ensino e Mudanças e uma obra a seguir denominada “ Transformação Didático pedagógico do Esporte”  estas e outras publicações deram origem  da educação Física denominada aqui no Brasil de Critica Emancipatória.



Abordagem critica emancipatória

A abordagem Crítico -Emancipatória enfatiza que o ensino nesta concepção deve:
ser um ensino de libertação de falsas ilusões, de falsos interesses, e desejos que são construídos nos alunos a partir de conhecimentos colocados à disposição pelo contexto sociocultural onde vivem visão esta originária de um mundo regido pelo consumo, pelo melhor, mais bonito e correto. Assim o ensino deve confrontar-se pela libertação destas falsas visões de mundo, libertar-se da coerção imposta por parte do professor e do conteúdo que se ensina. Essa libertação no sistema escolar deve ser pelo esclarecimento e pelo desenvolvimento de competências como a autoreflexão, que possibilita uma libertação livre da coerção(KUNZ, 1994, p.115-116).

Kunz (1994) nos esclarece que o conteúdo principal do trabalho pedagógico da Educação Física Escolar é o Movimento Humano, devendo enquanto estratégia didática passar pelas categorias de trabalho, interação e linguagem. Quanto aos objetivos primordiais de ensino propõem o desenvolvimento de competências como a competência comunicativa, a competência social, e a competência objetiva. Na competência social desenvolve-se pela tematização das relações socioculturais do contexto em que vive, dos problemas e contradições dessas relações, os diferentes papéis que os indivíduos assumem numa sociedade, no esporte e como esses se estabelecem para atender diferentes expectativas sociais. Para a competência objetiva vale que o aluno precisa receber conhecimentos e informações, precisa treinar destrezas técnicas racionais e eficientes, precisa aprender certas estratégias para o agir prático de forma competente. Na competência comunicativa destaca que a linguagem verbal é apenas uma das formas de comunicação do ser humano, sendo que as crianças comunicam-se muito pelo seu se - movimentar, pela linguagem do movimento.Quando ressalta os conteúdos da Educação Física Escolar (KUNZ, 1994, p.101) afirma que “não se elimina o interesse do movimento que é específico do Esporte, da Aprendizagem motora, da Dança, ou das atividades lúdicas enquanto conteúdo específico da área, porém colocas e o estabelecimento dos objetivos para desenvolver a competência de autonomia”.



Apresentação do livro
O livro organizado por Elenor Kunz e Andreas Trebels, denominado Educação Física Critico Emancipatório: com uma perspectiva da pedagogia Alemã do Esporte. Tem como colaboradores mais 7 autores  Claudia Kugelmann, Dieter Brotmann, Eva Bannmüller, Gerd Landau, Heide-Karen Maraun, Jürgen Funke-Wieneke e Ralf Langing, é constituído de 206 paginas é uma obra escrita por alemães para auxiliar a Educação Fíisca Brasileira, apresentado elementos para uma Educação Física Emancipatoria.
Para fins didáticos, agrupei o livro em duas parte que se seguem:

Educação física para quê?
o   Pedagogia do Esporte, do movimento Humano ou da Educação Física? Elenor Kunz
o   A concepção Dialógica do Movimento Humano- Uma teoria do “Se- movimentar”. Andreas Trebels
o   Musica e movimento- Uma introdução. Eva Bannmüller
O que mantém Crianças e os Jovens Mais Saudáveis? Dieter Brodtmann
A necessidade de se discutir o porquê da educação Física e por que de uma pratica pedagógica Critico Emancipatória;
Relação percepção e movimento humano. (Se- movimentar);
Educação Física além das Ciências da saúde;
Música como uma alternativa nas aulas de Educação Física.

Educação Física e relações socias
o   O que dizer sobre “ Aprendizagem Social” no Ensino de Movimentos e na Educação Física, e o que podemos Alcançar com Ela. Jürgen Funke-Wieneke
o   Educação física e pesquisa sobre gênero. Claudia Kugelmann
o   O esporte em mundo de vida. Gerd Landau
o   Escola em movimento. Ralf Laging
Educação Física para quê?
Bem se sabe que a educação física serviu e ainda hoje, em parte, serve ao setor esportivo. Até mesmo com a instituição da LDB deu por esse motivo, a má atuação no Brasil nas Olimpiadas de sydiney. Entrando a essa abertura que se teve com a LDB ,foi uma grande possibilidade para a estruturação para um a Pedagogia de fato da educação física. O que não aconteceu.
Sabemos que o programa da educação física, das aulas, se dão pelas preferências do professor ou até mesmo do humor do dia.
Essa pedagogia que KUNZ fala vai para além da didática e da metodologia
A pedagogia deve-se preocupar com questões mais amplas salientar o sentido/significado da Ed. Física na escola e buscar uma conexão com a teoria e o empirismo.
Quando ele nos diz de uma pedagogia critico emancipatória na Ed física ele pressupõe uma analise da cultura do movimento de forma que realmente o corpo e o movimento sejam elementos educacionais.
É Preciso que saibamos que há uma estreita relação do ser humano com o mundo, e que é caracterizado por este SE- movimentar. Um se movimentar nunca é neutro, ele é dirigido a algo, mostra algo. O movimento assim não é objeto , mas sim meio de pré condição para experiências humanas mais ricas e variadas.
Quando falamos dos Esportes, há uma perspectiva de movimento de forma totalizadora e objetiva. Uma busca pela causa-efeito.  Movimentos esportivos tem que ser bem sucedidos, estes não se desenvolvem de forma intuitiva. Como se houvesse uma obrigação com a objetivada e a clareza na forma idealizada, de recusa pelo erro. Não leva em consideração a percepção do sujeito, a percepção é parte integrante do movimento, não pode ser separados uma do outro.
Analisar somente a causa efeito é algo quase abstrato, não há objetivo definido. O movimento envolve Também a conduta humana e o entorno.
Ou seja,
·         Existe o ator do movimento
·         A situação referenciada a movimentos, que esclarece a permanente relação especifica do ser vivo
·         Significado do movimento, a intencionalidade do ator do movimento e o significado pretendido.

O esporte para Trebles, é uma interpretação apenas técnica para o movimentar-se humano. E limita-se para determinar e valorizar números.O esporte competitivo contemporâneo  tem duas regras básicas :

A sobrepujança: medida quantitativamente
Objetivação das condições: padronização.
E para o alcance, do que podemos dizer espetáculo esportivo, há uma maquinação tecnológica, para reparar o corpo dos atletas, aplicando leis da natureza para o ser humano.
Ler 37
Ou seja, a comunhão homem mundo, descrita, por exemplo, por Merleau Ponty está descartada. Não é possível segregar sujeito de um lado e mundo de outro.  O próprio se movimentar é uma caracteriza natural do ser humano, é o meio pelo qual se garante como ser no mundo e no qual o mundo ganha contornos visíveis. O Se movimentar é um conjunto do pensar, do falar, em que há conexão ser humano e mundo. São significados as ações motoras para situações concretas, desta forma é necessário dar significância para os alunos nas aulas, situações que sejam  cabíveis a realidade e a individualidade do aluno para que haja significância, dar uma intencionalidade ao movimento.

Neste contexto de corpo como maquina, educação física como esporte, ainda não falamos do conceito de educação física saúde,levando isto para o contexto escolar,argumentos tradicionais dirão que as crianças atualmente são sedentárias e que a escola deveria preocupar-se com isso, fazendo dela um ambiente em que possam se movimentar mais, melhorar seu sistema cardiorrespiratório e muscular além da melhoria da flexibilidade e de habilidades gerais, ou ajudar na postura e no fortalecimento da coluna prejudicado pela mochila e tal, ou mesmo usar a Ed física como via para a libertação das tensões socioculturais.
No mercado da saúde, mídia e etc é o corre, e por isso que nos agarramos mais facilmente, o mais fácil de realizado , algo publico e notório, que me pouco tempo surge efeito e que temos certezas que estamos fazendo certo porque é o que  o pensamento tradicional.
Ou seja, quais elementos são utilizados para se saber o que se é saúde ou não?O que se quer dizer que são não elementos biológicos que determinam isso.
Sobretudo as vivencias sociais são elemento para a conservação da saúde.
Sentir-se aceito pela comunidade que pertence e interagir-se da melhor forma, é para jovens e crianças adquire o Maximo de importância para saúde do que corridas, academias etc, que são sugeridos pelo mercado como redutor de risco da saúde.

A educação física que se tem atualmente faz com que jovens e crianças sejam indesejados, frustrados e forçados a fazer algo que para eles não tem a menos significação. É responsabilidade da educação física proporcionar que as crianças se sintam integrados socialmente e que elas se sintam importantes para o grupo e necessários na condução das atividades em participam.

Bem, a musica é um elemento que recebe pouca atenção na escola, principalmente quando se trata da educação física, e quando ela esta presente é apenas para estimular ou para perder o medo nas tarefas mais difíceis, ou como meio de compensação.
A educação física orienta-se pelos esportes e não pelas próprias preferências dos alunos ou de desenvolver múltiplas atividades corporais.
A musica tem uma relação direta com a percepção que já havia tido antes e como elemento de integração social, então por que não usá-la?



Educação Física e relações sociais
Como já mencionei, as relações sociais tem uma importância significativa na saúde do individuo e no próprio desenvolvimento do se -movimentar.
Desde do nascimento o homem percorre uma trajetória de relacionamento com o outro e se adéqua a partir do que a sociedade lhe oferecido.
O processo de ensino que levam ao desenvolvimento social é o que tem como base o conceito de aprendizagem social.
 Praticar esportes e mover coletivamente valem também como um elemento significante na aprendizagem social.
O forma que essa aprendizagem social é dada pelos esportes e a relação com a didática, dependendo de como são abordados existem diferentes fundamentações e sugestões para o agir concreto.
Um contexto funcional ou intencional de se entender a educação.
Os funcionalistas da pedagogia do esporte defendem que o desenvolvimento do esporte contemporâneo está impregnado em seu trajeto de sabedoria e espírito social. Defendem que aqueles que praticam o esporte devem agir de acordo com as regras estabelecidas.- espírito de equipe. E uma vez adquirido essas normas ela deve ser transferidas para os outros relacionamentos humanos.
Os intencionalistas afirmam que os  essa imagem é bem diferente da realidade do esporte como ele é.e  obviamente se aprende mais do que  se deveria aprender. Isso porque tais regras são caracterizadas por ferir regras, por ser excludente.  Se não for possível ver que crianças e jovens são induzidas a praticarem esportes de um currículo submisso e oculto, não poderá ter alcance de aprendizagem social.
A aprendizagem social nada mais que, uma predeterminação pouco transparente e nada consciente  que há no processo de civilização e socialização humana.
E cabe a pedagogia critico emancipatória fazer que os jovens desenvolvam uma consciência  esclarecida desta predeterminação e determinarem a sociedade em que vivem ao invés de serem determinados por ela. Na realidade é essa emancipação social que  constitui o objetivo central da aprendizagem social.
O esporte, para Landau, não é algo natural, mais uma construção social. E quem contribuiu para sua difusão são os homens com determinados interesses, poder e pertencer a determinadas camadas sociais, são relações, sendo assim , padronizadas...se orienta pela educação intencional.
O aprender social esta alem das praticas esportivas, o cotidiano escolar também se apoia em regras, privilégios e submissões  e prescreve papeis sociais, assim que o ambiente escolar for democratizado os alunos passaram pelas experiências sociais sem que tenham que realizar uma pratica esportiva.
Quando se fala em sociedade, é fato que devemos salientar a luta de gêneros, se assim posso dizer.
O esporte sempre foi negado ao sexo feminino, tais como ciclismo, futebol etc porque acreditava-se que prejudicaria a mulher fisicamente e na capacidade reprodutiva. Essa separação de masculino e feminino domina o cotidiano reconstituído pelas leis e resoluções mais principalmente pelos costumes.
Essa diferença de papeis é denominada conduta de gênero e portanto vale dizer que nós não temos, fazemos a nos fazemos a nossa sexualidade nos encontros e confrontos sociais.
Entrando  nos últimos anos diz-se que há um tratamento igualitário entre os sexos, por exemplo com a entrada das mulheres nas Olimpíadas de Sydney e esporte exclusivamente masculino, como o levantamento de  peso e futebol e tento premiação para a melhor atleta e etc.
É possível compreender  porque meninas e meninos se deixam levar, principalmente na idade infantil e puberdade. Há uma opressão social na formação da identidade. Na primeira infância é fácil ver meninas e meninos brincando juntos, mas logo os meninos começam a preferir o futebol procuram lugares e grupos para praticarem, enquanto as meninas ficam retidas em casa, dedicando-se menos a atividade de grande movimentos intensos e sendo conduzidas ao balé ou as aulas de piano.
Ser reconhecido, pelo jovem, como menina ou menino, significa para muitos o ganho da própria segurança do seu eu, o modo que se vestem, se movimentam ou praticam esporte fazem parte deste contexto. O próprio clichê sobre o corpo em que meninas devem ter um corpo jovem e sexy e os meninos com a musculatura definida fazem com que se gaste tem pó e dinheiro para o alcance deste padrões, em que o insucesso que as vezes é previsível acaba pela colocando a primeira crise de identidade.
As própria conduta motora são tipicamente relacionado ao um sexo ou a outro, e é fácil ver isso em espaços públicos,  lugares onde se pratica skate, bike  que são atividades marcadas pelo risco e exibicionismo, não há presença marcante de meninas.
Quando trata-se de esporte de alto rendimento a mídia dedica tempo e espaço as reportagens de atletas masculinos e quando o fazem com mulheres  é uma comparação de rendimento com atletas homens.
O ensino da Ed. Física tematizando adequadamente as atividades pode fortalecer a identidade sexual destes jovens, e que as atividades tradicionais e alternativas devem ter seu espaço para serem dialogadas e criticadas especialmente em relação ao pré determinismo sexual imposto.
Desafiar meninas nas aulas de Ed. Física para que ela ampliem sua gama de movimentos, e possam descobrir sua força, agilidade.
Nesta mesma sociedade, em que há dicotomia entre os sexos, é uma sociedade industrial em que o desenvolvimento das tecnologias faz com que o corpo biológico fique sedentário. Neste mundo tecnoligizado o corpo é quase que um objeto antiquado em que o homem se vê forçado a movimentar-se se não atrofiara se corpo.
O movimento humano ele se faz, a partir da tecnologia que o rodeia, e utilizar tais aparelhos para aumentar o limite do seu corpo é perfeitamente aceitável.
No setor de alto rendimento, isso muita mais visível, em que a tecnologia desenvolvida em laboratório, vê os corpos de atletas como verdadeiras maquinas, e trabalham para o seu Maximo limite de desempenho.
Neste mundo tecnoligizado, cada vê mais, as crianças, filhos únicos, vivem sem movimento, em seu quarto aproveitando dos brinquedos e aparelhos eletroeletrônicos e sua única vivencia com o movimentar e socializar  é
realmente na escola .
porem somente as duas horas aula de Ed. Física na escola não são suficientes para  resolver o problema da carência de movimentos, pelo contrario salienta mais essa carência, onde o menino fica horas sentado durante outras disciplinas.
Uma solução para isso é a Escola em MOVIMENTO.
É uma possibilidade para um maior movimentar-se na escola. não consiste em apenas  aumentar a oferta de atividades de movimento e esporte, mais mudar o cotidiano escolar, fazendo da escola um espaço para o movimento.
As atividades com movimento ultrapassam as perspectivas da educação física e encontram lugar em todas áreas da escola, salas de aula, pátio, nos corredores.
Deve-se ser levado em consideração o contexto da escola, suas condições, e deve haver uma abrangência muito maior de atividades que envolvam movimentos. O objetivo da escola em movimento não é aumentar as condições motoras dos alunos, mais proporcionar um modo mais espacial de vivencia para eles. O se-movimentar é um dialogo corporal com as tarefas do cotidiano escolar.
O ensino disciplinar e o extra disciplinar devem manter-se em equilíbrio, para que desta forma a aprendizagem social, que se dá pelo diferente e pelo outro seja reforçada. A aprendizagem tem uma relação direta com o corpo humano. Caracteriza por ter um vinculo com o se-movimentar.
Aprender é uma experiência corporal-sensível, vinculada ao mundo.
Os alunos trazem consigo concepções de movimento e preferências e experiências e é necessário que a escola absorva tais conhecimentos.
O confronto que se tem da escola movimento com a educação física é que com ampliação da oferta de movimentos a educação física já não seria necessária.
Por outro lado com a implantação da escola movimento a educação física ficaria responsável pelo desenvolvimento de habilidades e  competências , ou seja a padronização e orientação aos aspectos técnicos.








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