A onda foi um filme produzido para a TV em 1981 que retratava um experimento realizado por um professor em uma escola de Palo Alto, Califórnia, no ano de 1967. O filme põe à mostra como, até mesmo, pessoas de uma nação que se considera democrática e que tem a liberdade em seus pilares, podem se perder através de mecanismos bem elaborados.
O professor diante do desafio de explicar para a turma tudo o que foi o nazismo e diante de questionamentos que não conseguia responder de modo satisfatório para si e a sala, adota um experimento pedagógico para exemplificar aos alunos o que fez os alemães a deixarem o nazismo ascender ao poder.
Utilizando-se de bordões que remetiam ao nazismo, o professor inicia seu experimento. Pregando “A força pela disciplina”, “ A força através da comunidade” e “força através da ação”, o ele vai disseminando as ideias nazi-fascitas. Sem perceber o que está subentendido naquelas novas regras, valores, formas de conduta e símbolos adotados, os alunos vão aderindo ao movimento que denominaram de “A onda”. A cada dia é passado a eles mais “ ensinamentos” e ideias. Sem nem mesmo questionar, eles passam a fazer tudo pelo bem e conservação da “A onda”. As pessoas contrárias ao movimento eram reprimidas de formas violentas.
Um dos pontos importantes a ser observado no filme é o processo de massificação e de submissão cega a um líder. Mesmo aqueles jovens conhecendo a história do fascismo e do nazismo, não foi suficiente para impedir de reproduzirem o processo de massificação de ideias que fez com que o Nazismo fosse visto com “bons olhos” pelos alemães. A submissão sem questionamentos e sem uma análise crítica daquelas ordens os tornou alienados e massa manipulativa nas mãos do líder. O professor impunha toda aquela “nova” concepção de maneira que os alunos achassem que era algo maravilhoso para si, para toda a escola e também como a solução para todos os problemas ali presentes.
Além da massificação e da falta de reflexão crítica, há ainda mais pontos para serem explorados. O papel do professor como um formador de opinião, a ideologia de um processo pedagógico, as bases que o fundamentalizam... Esses são apenas alguns pontos , mas uma análise mais profunda pode levar há mais temas para serem discutidos.
No filme a individualidade, a autonomia, a liberdade foram abdicadas e trocadas pela hegemonia da consciência coletiva, alienação, heteronomia e intolerância. Pode – se repetir o que aconteceu na Alemanha nazista? Diante das questões abordadas pelo filme é possível afirmar que sim. É preciso voltar a atenção à ideologia que um projeto pedagógico carrega em si e evitar a reprodução de erros, para isso é necessário que a reflexão crítica seja despertada e acionada sempre.
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