EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR E A DITADURA MILITAR NO BRASI (1968 – 1984): ENTRE A ADESÃO E
RESISTÊNCIA
Dr.
MARCUS AURELIO TABORDA DE OLIVEIRA
Este
trabalho é síntese da tese de doutorado do autor, foi apresentado no II
Congresso Brasileiro de História da educação, em Natal (RN),
em novembro de 2002.
O
objetivo do artigo é investigar, apurar representações da comunidade acadêmica
brasileira, através de uma pesquisa em história da educação, sobre as relações
entre educação física escolar e a ditadura militar no Brasil (1964 –1985),
analisando as instruções legais destinadas as aulas de educação física e a
utilização ou não dessas instruções pelos professores.
A
educação física nesse período tinha o intuito de controlar as pessoas, pois
havia uma grande preocupação com o tempo livre da população, que vivia em
um regime autoritário e que não tinham
liberdade de expressão.
O autor procura entender porque a
educação física escolar nesse período foi limitada apenas ao ensino de alguns esportes,
que eram sugeridos pelas autoridades, mas cujos programas eram elaborados com a
participação dos próprios professores, que enfatizavam a busca pelo rendimento,
evidenciando a luta, a vitória e a disciplina.
Foram feitas entrevistas aos
professores que vivenciaram esse período, para justamente compreender esse
aspecto da história, a partir da história de vida dos próprios professores,
procurando entender como eles reagiam.
A partir de uma análise nos
depoimentos nota-se que cada professor era influenciado de uma forma diferente,
mas não eram simplesmente manipulados ou induzidos, faziam opções conscientes
ou inconscientes, mas racionais, sabiam que eram possuidores de uma liberdade
relativa, na presença das determinações estruturais e algumas vezes eram
capazes de até desafia-las.
O autor afirma que ouve mudanças no
plano da organização física brasileira durante a ditadura militar, mas não
ganhamos nada com isso, essa afirmação parece absurda, pois o aparato legal
institucional pretendia fortalece-la
como prática social, escolar e acadêmica, mas na realidade essas mudanças não
foram progressistas.
A
conclusão que se chega, é que em todas as mudanças existe a colaboração, participação
prática dos professores, mesmo que eles pareçam ser ingênuos, alienados, ou até
mesmo vítimas da sociedade, todos tem sua parcela de culpa.
O
autor utiliza-se de uma linguagem mais culta, acadêmica, mas seu texto é
objetivo e coerente, com argumentos convincentes que nos leva a pensar na atualidade,
pois não mudou muito nos dias atuais, existem professores que se comportam de
diversas maneiras, mas a maioria ainda não conquistou sua autonomia, não por
repressão, mas talvez por falta de
iniciativa, ou infelizmente por falta de vontade de criar de ensinar coisas
novas, visando o crescimento, desenvolvimento e a formação do aluno.
Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 25, n. 2, p. 9-20, jan. 2004
Pergunta: Vocês acham que a educação
física escolar da atualidade ainda carrega cicatrizes, influências, da época da
ditadura militar? Por que isso ainda acontece?
Existe uma grande dificuldade para que estas cicatrizes desapareçam, pois o grande problema é que após a ditadura o ensino não se estabeleceu, as instituições de ensino não priorizam a autonomia de seus alunos, e isto é importante para que se consolide um sistema de ensino justo e democrático. Podemos ver um grande questionamento quando um professor sai da faculdade, que não encontra referências, acontece é que se olha muito o passado mas não existe por parte dos professores uma reflexão para o futuro, ajudar a vivenciar tudo que há de novo, pois precisamos estudar a história, mas não nos prendermos á ela. Ressalto, não podemos criar cidadãos alienados, ingênuos e vitimas da sociedade capitalista, mas cidadãos com senso-critico, autônomo, participativo e com base nas suas experiências e tudo que lhe cerca poder compreender e saber ajuda-los através de sua cultura.
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