Caros
navegantes,
Quando encontrarem esta carta não embarquem
esperando um ambiente de calmaria, os caminhos serão tortuosos cheios de
injustiças, desigualdades e incessantes batalhas com um sistema dominador, não
pare por aqui, mas ajude-me a trabalharmos juntos para nos salvarmos do “rola
bola”, batalhar contra o tecnicismo e acabar com o pensamento formador de corpos.
Contra isso, busque seus aliados eles vão
te ajudar, seus professores, materiais escritos, amigos e junte-os para lutar
contra a opressão que nos rebaixa, nos torna menores, nos forma acriticamente e
sem luta. Não importa se você é um marinheiro experiente ou de primeira viagem,
se quer o conhecimento una-se com quem estiver ao seu lado para construí-lo em
conjunto.
Quando fui um marinheiro de primeira viagem
(ainda sou de certo modo) olhava o horizonte como se fosse chegar lá e ver sua
beleza rapidamente, mas percebi que para chegar nesse lindo horizonte que a
Educação Física Escolar nos mostra é preciso muito mais que navegar... É
preciso lutar, enfrentar as dúvidas e incertezas pessoais e sociais, os
desafios mais oriundos e sei que não encaramos sozinho, como professor busco
aprender o melhor de mim para formar cidadãos que busquem formação social e
cultural adequadas.
Aguardo embarque de vocês para me
encontrarem na busca pelo horizonte belo da Educação Física que buscamos, crítica formadora mas jamais preconceituosa ou opressora, para
lembrar sempre do sujeito que está a nossa volta e contribuir para a sociedade
que estamos inseridos.
DAOLIO (2004) ressalta, os profissionais formados por volta de 1980 tinham como formação a predominância de conhecimentos voltados para a área biológica, tais profissionais não tiveram acesso às discussões sócio culturais e ainda o mesmo autor, o corpo era visto como um conjunto de sistemas e não como cultura, o esporte era de alto rendimento ou passa tempo, não lidava com os fenômenos políticos e culturais da época, a Educação Física não tinha o caráter cultural.
A proposta do professor Elenor Kunz (1991) ultrapassa a concepção de
movimento humano reduzida a um fenômeno meramente físico, tido
estritamente como um deslocamento do corpo no espaço, presente na visão
de educação que o autor questiona. Ao considerar o ser humano que
realiza o movimento, essa proposta passa a reconhecer as significações
culturais e a intencionalidade do movimento humano. Para tanto, o autor
problematiza a concepção mecanicista de corpo e de movimento, na qual o
corpo está separado do mundo, buscando fundamentos na concepção
fenomenológica de corpo e de movimento, ou seja, na ideia de que o ser
humano é inseparável do mundo em que vive.
Atenciosamente,
Lucas Romeu Garcia.
22 de junho de 2015
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